Homenagens da Liga

A Liga de Melhoramentos de Sobral de Baixo prestou homenagem póstuma a dois de seus adorados e dedicados filhos, Aires Fernandes de Almeida e Carlos Alberto Santos Neves, pela ajuda e bom nome que sempre deram a sua terra.

As homenagens realizaram-se no dia 21 de Agosto 2016, na casa de convívio de Sobral de Baixo, equipamento de uso comunitário para o qual os homenageados deram preciosa colaboração.

Com a coordenação do jovem presidente da direção da Liga local Engº Rui Branco, que se rodeou dos seus distintos colaboradores da direção, começou por pedir que fosse guardado um minuto de silêncio em memória dos homenageados, findo o qual agradeceu a presença de todos.

Apesar do evento ter sido pouco divulgado, estiveram presentes cerca de 130 pessoas, entre os quais se contou com a honrosa presença do senhor presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, José Brito, que em casos destes só falta se lhe for totalmente impossível. Também estiveram o Dr. Carlos Simões pela Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra, o Eng.º Manuel Gonçalves Xavier pelo Machio de Baixo e Associação de Combatentes do Concelho de Pampilhosa da Serra, José de Almeida Alexandre da Comissão de Melhoramentos de Covões e José Manuel Almeida, representante da imprensa regional pelo jornal SERRAS DA PAMPILHOSA.

Para proceder ao descerramento das placas alusivas ao ato e fotos dos homenageados, colocadas em destaque no salão da Casa de Convívio, o presidente da direção chamou o senhor presidente da Câmara, para retirar a bandeira da Liga que as tapava, ato que foi fortemente aplaudido.

Passou de seguida a palavra a José Manuel Almeida que, por incumbência da direção, dissertou acerca da vida e obra de Aires Fernandes de Almeida. Na sua intervenção disse sentir-se honrado pela direção o ter incumbido de falar sobre Aires Fernandes de Almeida. Felicitou e agradeceu a comissão pela brilhante ideia e continuou dizendo:

 “…as homenagens são o mais alto tributo prestado a figuras individuai nas nossas aldeias, devendo ser atribuídas em vida para que os homenageados as sintam, e possam ver de frente seus amigos. Não foi possível, mas a titulo póstumo são igualmente importantes para que os mais jovens saibam quem foram seus antepassados.

Para falar de Aires Fernandes de Almeida talvez não seja a pessoa ideal por me faltarem palavras para ilustrar suas enormes e impares qualidades.

Tive por ele uma enorme amizade, tendo-o como um bom irmão, com a certeza de ele por mim sentir o mesmo, sendo sua falta muito sentida. Homem do mais simples e humilde que conheci, trabalhador, honesto, amigo da família e de todos, de ajudar o próximo e possuidor de outros atributos de excelência. Era o símbolo de um verdadeiro cristão. Sendo certo que todos temos defeitos, e o Aires também os teria, mas nunca lhe os conheci.

Oriundo de famílias pobres, nasceu em Sobral de Cima. Ainda criança, veio para Sobral de Baixo onde seus pais construíram uma humilde casa, aldeia onde estudou até à 3ª classe. Bem cedo começou a trabalhar e por várias vezes me contou sua vida com as lágrimas a correr pela cara abaixo. Em jovem, trabalhou no duro, passou fome e, por alguns foi mal tratado e desprezado, atribuindo esta atitude ao facto de ser pobre. Este sofrimento decerto que o levou a partir mais cedo procurando melhor vida noutros locais.

Agarrando-se a tudo o que era trabalho, sempre foi admirado pelos seus colegas e patrões. Nos anos 70, comprou à sociedade um terreno no Cacém, na altura um deserto, onde começou a trabalhar por sua conta no ramo de sucatas. No início teve algumas dificuldades mas conseguiu vencer.

Foi lá que o conheci em 1975, vi nele um comerciante, um homem diferente, com uma honestidade impar. Comprei-lhe várias coisas, em especial material elétrico, e desde então passei a admirá-lo. Embora lá fosse várias vezes, não sabia que era conterrâneo e daqui do Sobral, só alguns anos mais tarde o soube, encontrando-o num almoço da sua terra na Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra. Se já o admirava, passei a admirar ainda mais.

Foi com muito trabalho e com a preciosa ajuda de sua esposa dona Armandina, que adorava, embora por vezes o não fazia sentir, várias vezes me disse em lágrimas, que devia muito da sua vida à sua esposa, e mais tarde com ajuda de seu único filho Leonel, que subiu degrau a degrau, passo a passo, e conseguiu assim construir um pequeno império no comércio do ferro, inox, corte e quinagem.

Tornou-se conhecido e respeitado, respeitando também seus empregados, clientes, fornecedores, amigos e individualidades, foram-lhe atribuídas valorosas distinções, como a Medalha de Ouro do município de Sintra e a Medalha de Mérito Valor e Altruísmo do município de Pampilhosa da Serra, das quais me orgulho ter estado presente na sua entrega. Foram-lhe atribuídas ainda imensas medalhas e diplomas de diversas instituições, poucos terão recebido tantos tributos, os quais orgulhosamente guardava religiosamente.

Tornou-se um grande benemérito, ajudando bombeiros, misericórdias, instituições sociais, desportivas, coletividades, familiares e amigos, sem nunca esquecer a sua terra. Foi grande colaborador na sua aldeia e a obra está á vista. A sua terra era para si muito importante, sendo onde seus pais que adorava nasceram, muito sofreram e trabalharam. Foi também ali que nasceu e também sofreu, sendo até por alguns não muito bem tratado, talvez fosse mal compreendido, mas sua intenção era ajudar, engrandecendo a terra que o viu nascer.

Homem de fé, transportava consigo a imagem de uma santa que venerava: A Senhora de Monserrate. Foi também ajudado e o seu maior prazer era ajudar quem precisava e em paralelo conviver com os amigos. Esta foi uma pura realidade até ao fim de sua vida.

Aires Almeida foi uma figura com as mais altas qualidades, devemos recordá-lo com saudade, na sua curta passagem por este maravilhoso planeta, deu-nos um verdadeiro exemplo, seguindo o exemplo de cristo na sua curta passagem pela terra.

Do meu e nosso amigo Aires muito haveria para dizer, mas… faltam-me palavras para exprimir o que considero tão importante figura.

A terminar, Aires Almeida trabalhou muito, ajudou o próximo, e disse-me algumas vezes emocionado que, com seu trabalho, com ajuda de sua esposa e filho, construiu um pequeno império. Cá o deixaria, mas não sendo isso sua riqueza, sua riqueza era sim seu único filho Leonel que adorava que tinha a certeza que iria seguir seus passos.”

Após esta intervenção, foi dada a palavra a António Pedro para salientar a figura de Carlos Alberto Santos Neves, muito conhecido por Carlos “o marceneiro do Sobral”, como seu grande amigo e amigo da terra que o viu nascer para seu engrandecimento muito contribuiu, dando-lhe bom nome. Disse que, foi um dos grandes impulsionadores para a fundação do Grupo de Bombos do Sobral de Baixo, para o qual foi grande colaborador. Pessoa simples, humilde, trabalhador, sempre pronto a ajudar quem lhe pedia, não havia um não para ninguém, conseguindo conquistar a amizade, simpatia e estima do povo. Bem cedo deixou a companhia dos vivos, e a prova das suas excelentes qualidades humanas esteve na partida para sua última morada, onde foi acompanhado por um imenso numero de pessoas.

De seguida o Eng.º Manuel Xavier enalteceu a figura de Aires Almeida de quem era amigo há cerca de 40 anos, o qual não esqueceu e não esquecerá várias e boas recordações. Felicitou os proponentes destas justas homenagens, e considerou que falar nas qualidades e generosidade de Aires é indispensável. “Por todos conhecido, um homem bom partiu, mas em sua memória está e continuará a estar bem viva em todos nós”, concluiu Manuel Xavier.

A terminar o senhor presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra José Brito, enalteceu as distintas figuras e a sua importância para seu nosso concelho, sendo as homenagens bem merecidas, homens trabalhadores e humildes subindo na vida passo a passo, mas nunca se esquecendo da terra que os viu nascer, devemos recordá-los com saudade, sendo a melhor forma de os homenagear e recordar é seguir seus passos.

Salientou a presença do vice presidente da Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra Dr. Carlos Simões, e do representante do jornal SERRAS DA PAMPILHOSA e a importância de levar bem longe as notícias do concelho.

Felicitou a comissão organizadora na pessoa de seu presidente Rui Branco, apelando á continuação da obra que os nossos homenageados também deram continuidade, sendo a melhor forma de os recordar, incentivando os jovens para virem ao seu concelho, prometendo que tudo fará a seu alcance para continuar a dar-lhe as melhores condições.

Terminadas as cerimónias foi dado início ao almoço muito bem servido, tudo correndo da melhor forma, foram ainda entregues os prémios aos vencedores do Rally Paper, tendo o convívio continuado pela tarde adiante e contando com um grupo de senhoras que cantou diversas músicas tradicionais da aldeia e da região.

Zé Manel

 

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